A nossa percepção do nosso próprio casamento acaba por estar dependente da nossa imagem mental de como os casamentos em geral tendem a ser. Somos naturalmente muito dados a comparações e sem dúvida que muito mais severos na análise que fazemos de nós próprios. Nós conhecemos o nosso próprio casamento por dentro, na sua singularidade, enquanto que do casamento dos outros temos uma imagem fortemente editada, limitada e higienizada.
Os outros casais contactam connosco principalmente em situações sociais, onde o grau de polidez é a norma, e o bom humor e boa disposição acontecem. Já nós temos consciência das nossas próprias tristezas e dores: os silêncios frios, as críticas duras, as explosões furiosas, os episódios de batidas de portas, as denúncias amargas , as decepções sexuais e os momentos de solidão dolorosa no quarto.
Compreende-se que é fácil chegarmos à conclusão de que nosso próprio casamento é singularmente amaldiçoado e muito mais sombrio e doloroso do que o normal.
Em momentos de angústia chegamos a lançar uma acusação ao nosso cônjuge ”ninguém merece isto”.
Ajuda muito sermos mais precisos e concretos sobre como são os casamentos de outras pessoas, não por intromissão mas por partilha e aprendizagem.
O casamento é um projeto difícil e com diversas contrariedades, assim, é fundamental sentirmos que não estamos sós nessa tarefa e que conversar com outros casais, sobretudo mais velhos, pode ser util para deslindar estes misterio que nos leva a acreditar que só o nosso casamento é dificil e que só nós somos incompativeis. Se pudéssemos ver adequadamente o que se passa nos outros casamentos constatavamos que a nossa realidade é a de praticamente qualquer casamento.
Assim temos uma conclusão surpreendente e bastante animadora: o nosso próprio casamento é realmente muito bom e muito normal

artigo inspirado em materiais da School of Life.
Alexandra Alvarez, a vossa Terapeuta de Casal. Contacto: 911 846 427