Quando se perde um filho pela sua morte há uma inversão na lógica da vida…é um dos momentos que apanha os pais totalmente desprevenidos e sem perceber como é possível.
É uma das perdas mais dolorosas e com mais peso emocional para os pais. Todos temos sonhos para os filhos, para o seu futuro e muito da nossa vida é alavancado na sua presença. Eles são uma continuidade da nossa pessoa.
Os pais que perdem filhos vivem momentos de um luto doloroso que se acredita prolongar-se por toda a vida. E o facto é tão abstrato que ainda hoje não há uma designação especifica para tal perda.

Pais em luto, pais órfãos, pai em sofrimento…
A intensidade deste sofrimento é tanta que os pais correm o risco de levarem muito tempo a retomar a sua vida, e muitas vezes a sua relação termina quase como se não seja possível fazer sentido manterem-se juntos.
As mães, por características das mulheres, choraram mais, desabaram mais, desabafaram mais. Os pais, por características dos homens poderão falar menos, chorar menos, desabafar menos, mas o seu sofrimento é igualmente intenso.
Este silêncio pode ser entendido como incompreensão, conformismo, não apoio à mãe, mas é igualmente uma expressão de dor.
Pai e mãe entram em grande perda pela morte de um filho, a perda de um filho desejado e querido, que interrompe a cadeia regular do ciclo da vida. Os pais precisam de apoio, um apoio que os pacifique, lhes devolva a esperança e os liberte das culpas que nestes momentos ensombram e angustiam.
Será preciso tempo, sem pressão, cuidando e amando, acreditando. Ajudará sempre pensar em como é que o filho gostaria que os pais estivessem? Como se pode honrar a sua memória?
Muitas atitudes podem ser desenvolvidas: encontrar um fórum on line, procurar um terapeuta, integrar um grupo de ajuda, celebrar as datas de aniversário, acender uma vela, criar um álbum de memórias on line, ser referência para outros pais, enfim tudo o que lhe fizer sentido e sobretudo que acredite que faria o seu filho sentir orgulho.
Haverá momentos em que sente que não vai conseguir, que sente que está só, em que tudo vai parecer difícil, mas concentre-se no positivo, a ajuda existe!
Alexandra Alvarez, a vossa terapeuta familiar e de casal.