As famílias têm estado a passar por tempos difíceis. Todos nós, e cada um.
O tempo de utilização de ecrãs aumentou e muito, é o teletrabalho, são os isolamentos e confinamentos que nos deixam encerrados no meio de quatro paredes e da tecnologia, e o que até aqui era considerado perturbador e excessivo, tem estado a ser um modo de “manter” a saúde mental.
E eis que chegam as férias, estamos cansados das casas, estamos cansados de nós, e desejamos conseguir trocar de ambiente e estilo de vida.
O desapego do ecrã também é urgente, precisamos de férias de ecrãs.
Passámos a sentir a vida através de ecrãs minúsculos, sobretudo os jovens que acabam por só aceder ao seu telemóvel, pouco estão na televisão ou computadores. É através desse ecrã que a vida se desenrola, fazem-se de compras até amizades, pois essa caixa mágica tem de tudo um pouco dentro de si. Rapidamente se passa o dia de link em link, e de aplicação em aplicação.
O investimento noutras ocupações fica anulado, pois mesmo quando queremos parar há uma mensagem que cai, uma pesquisa que nos lembramos de fazer, algo que queremos publicar.
As famílias vão ter o desafio de ter uns dias para simplesmente estarem, conseguirem comunicar cara a cara, pois neste momento todos temos experiências de video chamadas em casa para falar com filhos e companheiros com quem coabitamos, e com aqueles com quem não estamos.
As tecnologias aproximam-nos e têm muito e bom, mas este excesso começa a comprometer a nossa convivência. Há momentos que estamos em saturação mas simplesmente voltamos lá…ao ecrã. Chegamos a ver filmes de pernas para o ar, a prender os aparelhos nos sítios mais incríveis para assegurarmos que vemos o bem dito ecrã…
Como se vão sentir de novo? Cheirar-se de novo? Olhar-se de novo?
Vêm as queixas de dores de cabeça, dores nos olhos, cansaço mental, dores no corpo.
E claro, sabemos que os filhos estão sempre “agarrados”aos telemóveis, mas quando lhes telefonamos raramente atendem, porque eles não querem comunicar, só querem usufruir dos conteúdos, e manter as suas escolhas, o que os torna isolados e distantes de nós.
Vêm as discussões sobre os cuidados a ter e a não ter. Quem sai e quem não sai. Se sim ou se não aos transportes públicos, e já todos temos dificuldades em saber como nos arranjarmos.
Não apetece comprar nada porque não vai ser usado. Não apetece arranjar porque não acontece nada. Simplesmente está difícil…
Como pensa organizar as férias da sua família? Que lugar vão ocupar os ecrãs nesse tempo de pausa que é precioso?
Como chegarem todos a um acordo sobre este tema?
Mas sim, seja de que forma for, férias de ecrãs são precisas.
Alexandra Alvarez , a vossa terapeuta familiar.