Cultural e tradicionalmente criámos uma visão muito romântica e atraente sobre as nossas relações: imaginamos um par ideal, em uníssono e complementar, com relações sexuais ótimas e amorosas, em que intuição, cuidados e atenção estão presentes. Neste ideal não há traição, pois nenhum de nós vai querer ir para a cama com outra pessoa, teremos uma vida individual e profissional plena, e ao fim do dia existirá o reencontro, e as partilhas, e as coisas boas de estarmos juntos.

E de facto todos concordamos que, no início, as relações passam muito por isto e por esta identificação.
Mas o tempo, a rotina, o dia a dia, muda as relações. Começam os desentendimentos, os cansaços, o sexo diminui, e há pontos de tensão evidentes.
É muito fácil deixarmos de falar, amuarmos, criticarmos e esquecemo-nos de falar sobre o que estamos a sentir. Começam os ressentimentos…ficamos zangados e mantemos a zanga. Pouca vezes nos interrogamos sobre o que cada um de nós está a contribuir para este desencontro. É mais fácil culpar o outro e ficar preso nisso. O ressentimento que gera rancor.
Mas há uma realidade muito diferente que ignoramos: As relações não são perfeitas, o ideal de relação corresponde a um padrão muito elevado de satisfação que não corresponde à realidade das relações, ou pelo menos da maioria.
Criámos expectativas que nenhum de nós está à altura de cumprir, não por “culpa” direta de cada um, mas porque na vida real as relações são assim. Há-que baixar as expectativas e viver com padrões mais modestos de exigência de nós e do outro.
O ideal nunca foi uma possibilidade real a longo prazo, e não só para nós, mas para qualquer outra pessoa. Mas ter essa noção vai colocar-nos mais próximos desse ideal.
Que alívio… partir deste princípio fará toda a diferença!
(Reflexão inspirada em instrumentos da School of Life)
Alexandra Alvarez I Terapeuta Familiar e de Casal
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