O Rodrigo e a Armanda sentiam-se numa encruzilhada, sobretudo porque a Armanda tinha comunicado ao Rodrigo que estava com dúvidas quanto ao que sentia por ele. Naquele momento não sabia se queria continuar o namoro que tinha há cerca de 4 anos e meio. As coisas tinham mudado, já não sentia que vivia a relação com intensidade, com prazer, com a disponibilidade que sempre tinha. Aliás, dava consigo a pensar noutros homens que ia conhecendo, e a imaginar como seria se tivesse outro namorado, outra relação, como seria?
____ — __________ — _________________ —— _________________________ ——— _____________
Também o Rodrigo tinha as suas dúvidas. Afinal a Armanda tinha sido a sua única namorada significativa, e aquela comunicação tinha-o abalado. Perdera a confiança nela. E agora era como se tivesse sido criada uma possibilidade nova: a da separação. E isso criou nele um receio de abandono e de perda que lhe tem sido difícil ultrapassar. Ele é orgulhoso. Gosta dela. Mas deixou de ter a certeza do sentimento da Armanda e não consegue lidar com isso. Ela pede-lhe tempo. Tempo… para ele, homem prático isso não faz sentido…

E isto porque é um espaço de afetos em que cuidamos e mimamos, porque a seguir a esta revelação fala-se do que sentem, do que custou mais, do que vão fazer com essa informação, e de tido o que sentirem importante. Alexandra Alvarez I Terapeuta Familiar I TM:911 846 427
“Afinal a pessoa quando sente, sente, não é preciso tempo para se perceber…é a minha opinião…”
E este era o tema deste casal, como em tantos casais, havia um dos elementos que se sentia confuso, sentia que precisava de tempo para perceber os seus sentimentos, mas o outro não conseguia aceitar isso, pois o sentir para ele era qualquer coisa óbvia, e que a pessoa identifica e reconhece.
Sentia que, ao pedir tempo para perceber o que se sente, o outro está a pedir tempo para ter coragem para comunicar o fim da relação.
O Rodrigo chegou a perguntar à Armanda em sessão: mas tu amas-me? e ela não conseguia responder. E nessa altura o Gonçalo disse-lhe:
– Armanda, não te enganes a ti própria, tu já decidiste o que queres, só não mo consegues dizer…
(esta é uma versão ficcionada que poderia ser a história de qualquer pessoa, de qualquer casal)
E o espaço terapêutico muitas vezes é esta oportunidade de criar tempo, criar lugar ao indizível, ao impossível, ao que ninguém consegue ou sabe dizer. E isto porque é um espaço de afetos em que cuidamos e mimamos, porque a seguir a esta revelação fala-se do que sentem, do que custou mais, do que vão fazer com essa informação, e de tido o que sentirem importante.
Alexandra Alvarez I Terapeuta Familiar I Contacto: 911 846 427