Da conversa, do jeito de estar e rir e ser ….tudo era sintonia mas, de repente, aquele facto tornou-se insuportável : o lápis que ela usava para sublinhar o livro que lia, sempre que nele lia algo que a entusiasmava, tinha duas pontas.
Ele conhecia-se e sabia que esse facto, que para outra pessoa talvez não fosse nada, para si era muito e para si era insuportável, porque não suportava pessoas que afiavam os lápis em duas pontas.
Quando se despediram ele decidiu que já não a voltaria a contactar porque um lápis para si só se afia de um lado.
Ela caminhou em direção ao carro e, quando fez deslizar o livro e o lápis para o saco voltou a pensar o quanto se sentiu incomodada o dia todo, por ter estado a utilizar o lápis da sua filha Luísa, que estava afiado com duas pontas…
o que ela detestava ver um lápis assim. Mesmo que demore a sair de casa porque tem que procurar a sua lapiseira, depois disto, e do incómodo que sentiu o dia todo, vai sempre preferir procurá-la e sair com ela, e nunca mais utilizará um lápis afiado com duas pontas.
E é assim, só porque ele supôs sobre ela, e só porque ela em dado momento abdicou daquilo que defende como principio, desencontraram -se sem se esclarecerem, pela suposição da sua suposta razão.
Alexandra Alvarez I Contacto 911 846 427 I Terapeuta Familiar e de Casal