Amei ouvir esta pergunta saída da boca de uma pequenita de 6 anos que estando na praia e estando na hora da “digestão”, lidava ansiosamente com um tempo que não passava, mas sabia que tinha que cumprir a interdição que os pais lhe haviam colocado de “não ir à água” nas próximas duas horas.
“- Oh Mãe, Mãe? Já posso? Quanto tempo falta? Demora muito ou pouco??? Vá lá…molho só os pés!!!
– Oh Clarinha ainda não querida, só passou meia hora, ainda tens que esperar mais um bocadinho…vai demorar …
– A sério? E demora muito ou pouco?
– Demora…ainda vai demorar amor…distrai-te com os baldinhos…”
Ao ouvir isto pensei…que interessante, os meus pais já me disseram isto vezes sem conta num passado que me parece recente, e eu própria já o disse aos meus filhos, num passado que ainda mais recente parece…
Aquelas horas da “maldita” digestão são terríveis, estamos cheios de vontade de mergulhar e chapinhar e nada feito…temos que esperar…e o que custa esperar, sabemos que é por uma boa causa e que depois da espera ficamos com muito tempo outra vez, mas custa, custa muito…é a sensação de que tudo o que demora vem tarde, mas não,
demorar significa vir no tempo certo, no tempo do é agora!
Qualquer espera nos custa, mas o que nos faz esperar são as circunstâncias de algo que ainda não está no tempo, ainda não pode acontecer, esperamos para que se consiga, para que aconteça.
E consigo? Tem a virtude de saber esperar? Como acontece lá em casa quando cada um se impacienta? Quem contagia quem? Quem ameniza? Quem anseia mais?
“Demora…ainda vai demorar amor …”
Alexandra Alvarez, a sua terapeuta familiar.
Há dois momentos: O da Obediência e o do Entendimento. Eu obedecia quanto tinha a idade da Clarinha e queria atirar-me de boia para as ondas frias de Santa Cruz, julgando que o contacto da agua (Qualquer agua? Não sabia…) com a pele, naquela altura depois de almoço, seria fatal.
O Entendimento chegou mais tarde, pelos 14 anos num verão que passei em Sines com um primo a fazer caça submarina. Foi ai que percebi que o problema não era a agua, mas a sua temperatura conjugada com processos digestivos longos. Dai sandes e frutas para podermos estar sempre a entrar e sair (debaixo) de agua.
A minha filha nunca me obedeceu, mas é muto boa a entender.
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