Em casa da Ana vivem mais três Anas, as suas filhas.
Ela é a Ana Maria, de 44 anos,
Depois há a Ana Beatriz, de 20 anos,
a Ana Margarida, de 18 anos,
e a Ana Sofia, de 14 anos.
Nesta casa de mulheres o que as divide são coisas que acontecem porque estão em relação.
A mãe Ana Maria queixa-se do cansaço de ditar regras…nem parece que estamos numa casa de mulheres, tudo está desarrumado, elas ( as outras Anas) não fazem as camas, não são capazes de cozinhar algo, não estendem uma roupa,…parece impossível… é como se aqui só morassem homens.
E sim, o estereótipo aparece, como se uma casa de mulheres tivesse por obrigação ser mais organizada e arrumada do que uma casa de homens…
Mas curiosamente, também acompanho a família do Luís, que vive com os filhos Filipe e Jorge, jovens com 16 e 19 anos respetivamente, e o pai Luís no seu lamento não diz: parece impossível, nem um prego sabem pregar, nem mexer num quadro elétrico, não, não diz isso… as queixas também abrangem a desorganização, a roupa espalhada, os sapatos pela casa e que só saem da sala quando se esgota o stock do quarto, onde se amontoam os pratos e copos dos lanches…
E estas duas famílias apelam-me ao pensamento sobre as construções que ainda habitam em nós, associadas aos género de cada um, como se se esperasse coisas diferentes de homens e mulheres, no entanto, tanto na casa das mulheres, como na casa dos homens as queixas sobre a organização, ou neste caso a falta dela, são muito semelhantes. Em ambas as casas os pais consideram a importância de terem um espaço ordenado e com necessidade de realizar atividades básicas da vida doméstica.
As diferenças estão muitas vezes mais nas mentalidades do que nas necessidades que todos sentimos e nas reações que todos sentimos quando as coisas não fazem sentido.
As inquietações da Ana são em muito semelhantes às inquietações do Luís, pois não são inquietações de mulheres ou homens mas antes inquietações de pais e educadores.
Alexandra Alvarez I Terapeuta Familiar, Parental e Conjugal