Muitas vezes acontece que a gestão diária da educação das crianças e dos jovens está a cargo, na maior parte do tempo, de apenas um adulto.
As razões são variadas: um dos progenitores trabalha longe de casa, viuvez, divórcio, horários desfazados, são alguns dos exemplos.
E esta é uma tarefa em que o peso de ser exercida sozinha vem muitas vezes à tona.
O exercício da monoparentalidade é algo que, em certas ocasiões, pode ser duro. O adulto que está na situação de estar “sozinho” com os filhos não tem ali ninguém à mão com quem fale, ou com quem partilhe de igual para igual.
Os filhos, por sua vez, depositam toda a confiança nele e este adulto, este pai ou esta mãe, tem aquela tarefa gigante de tudo assegurar e de naturalmente estar bem e passar isso aos seus filhos.
Mas isto nem sempre é possível, pois aquilo que cansa ou esgota este adulto não pode ser partilhado, e ao não ser partilhado pode entrar num crescendo interior, amplificando aquelas que são as suas dúvidas, os seus receios, pois esse não é, e nunca será um tema a ter com os filhos.
Este exercício é muito desafiante, este exercício de manter os filhos afastados desta fragilidade, sem que estes sejam colocados a desenvolver tarefas que não são suas, sem que estes sejam chamados a emitir opiniões sobre assuntos que os ultrapassam pela “adultês” que exigem, sem que estes sintam que têm que ocupar papeis para os quais não possuem maturidades, sim é difícil…
Quando esta mãe, ou este pai me chegam à consulta é um bocadinho no sentido de:
- Como é que eu vou fazer isto sozinho?
- Como é que eu faço para não passar as minhas intranquilidades?
- Como é que eu consigo ter a certeza que estou a fazer o melhor?
- Como é que eu vou ser mais efetivo com os meus filhos?
- Porque tenho em medo de lhes colocar regras e de falar sobre isso quando eles não as cumprem?
Sim, porque aquela mãe e aquele pai sentem que também eles estão a precisar de muitas coisas para si próprios, precisam tanto que também aconteça algo nas suas vidas, gostariam tanto de estar de forma diferente e não sabem como.
Será sempre uma consulta muito envolvente em que aquele pai e aquela mãe e aqueles filhos vão falar sobre as vivências na família, em busca de uma reconstrução que os conforte e lhes devolva harmonia. Não há certos nem errados, em cada educador a solo, como em todas os outros modelos de família, há formas que nos fazem mais sentido do que outras.
Também não será desajustado que os filhos ouçam e sintam os receios dos seus pais, pois estes receios só existem pelo amor que os une e pela preocupação do bem fazer!
Alexandra Alvarez I Terapeuta Familiar, Parental e Conjugal