Duas margens…uma opção difícil.

logo_final Sobre um casal de duas nacionalidades, duas realidades culturais, dois ambientes: o conto sistémico que me ocorre…o conto tem a magia de poder dar a conhecer as vivências relacionais de um modo simbólico, sendo um auxiliar do terapeuta. Um desencontro potenciado pela união de um homem e uma mulher em que há um que tem que fazer escolhas maiores, tem que decidir deixar para trás…

“Há muito tempo atrás existiu um barqueiro que transportava as pessoas de dada aldeia de uma margem para a outra. A margem do lado esquerdo tinha muito sol, cheirava a liberdade e deixava entrever aventuras e romances. A margem do lado direito era uma margem estável, porém menos soalheira e alegre.

Em dada viagem, o barqueiro transportou no seu barco uma linda jovem, que era a primeira vez que ia para aquela margem. O barqueiro livre e disponível para amar reparou nela. Em seu redor o ruído de vozes, risos, segredos e sussurros não lhes desviou o olhar, e depressa sentiram necessidade de se falar, de se conhecer e de se apresentar. A impressão causada pelo olhar foi confirmada pelo encanto pessoal de ambos, e a paixão falou mais alto.

Assim, dia após dia, a jovem passou a deslocar-se à outra margem apenas pela companhia do barqueiro. Não chegando a descer do barco, em cada viagem, pouco sabia da margem esquerda, apenas que era de lá que vinha o seu amor.

O barqueiro alargou as viagens à margem direita.

Sentiam-se plenos, invadidos e enlouquecidos pelos seus sentimentos.  Não era amor,  o que se iniciava era paixão, paixão ardente sublime e irrepetível, mas, como qualquer paixão nenhum sabia como a mesma evoluiria, pois, neste caso, as margens separavam os seus corações.

Naquela altura tudo lhes parecia possível, sem limites, pois os dois tinham muita força e paixão, capaz de mover montanhas, e assim os obstáculos eram supridos e os comentários mais desanimados de familiares e amigos nunca os fizeram vacilar.

Dessa imensa paixão, dos inúmeros encontros ocorridos nas margens, existiu a confirmação da vinda de um novo ser, frágil, aceite e que reforçou a união dos pais. Foi assim que a jovem e o barqueiro não hesitaram e decidiram que as suas vidas se haviam de unir. A jovem cedeu e de uma forma apaixonada renunciou ao seu mundo de infância, à sua família, aos seus amigos, aos seus costumes, às suas tradições, enfim … à sua margem, em nome do agora já amor e da família que ia construir. Para o barqueiro a passagem para a outra margem era dificultada pelo desconhecimento que dela tinha e porque o seu barco tinha a ancoragem na margem esquerda.

O entusiasmo de uma nova vida com independência e amor alimentaram este projeto a dois, que rapidamente passou a três e inesperadamente a quatro.

Os pequenos príncipes fizeram as delícias dos papás que lhes dedicavam as horas dos seus dias, os seus afetos e as suas atenções, e o seu mundo foi-se centrando neles e nas suas necessidades.

No seu pequeno mundo existiam todas as condições para a felicidade e plenitude conjugal. O barqueiro possuía uma amor inesgotável e a jovem revelava-se uma mãe extremosa e uma cuidadora nata de tudo e de todos.

diapositivo1

O barqueiro diminuiu as viagens que fazia, mas algumas tinham que ocorrer, e eram feitas por escassas horas, mas sem que nenhum se apercebesse as coisas iam mudando, o tempo que dispunham para si foi encurtando, a disponibilidade deixou de ser total e a felicidade tornou-se menos acessível.

Tendo tudo para serem felizes algo os contrariava, ele sentia-se refém de um amor que começava a não ser correspondido e ela queria amar não mas a tristeza sentida pelo que deixou na outra margem tornou-se imperativa e de repente as trevas abateram-se sobre esta doce família.

Os tempos a dois foram fechados numa arca fria e funda, que devorou a magia e o encanto, que devorou as fotos dos momentos inesquecíveis, que apagou as aventuras únicas que foram vividas e experimentadas quando a vida era a dois.

Agora o barqueiro e a jovem querem abrir a arca mas não encontram a chave, não sabem onde a colocaram ou a quem a confiaram …”

Alexandra Alvarez I Terapeuta Familiar, Parental e Conjugal

Publicado por Academia Alexandra Alvarez I Terapia Familiar, de Casal, e de Grupo

Olá, sou Alexandra Alvarez, mãe de 5 filhos, terapeuta familiar, de casal e de grupo, formadora e supervisora. Faço consultas com famílias e casais para "fazer acontecer" relações positivas! Aqui treinamos relações. Uma nova oportunidade, para que todos sejam ouvidos e para que todos possam ouvir, numa perspetiva de entendimento e reforço de competências. " Family trainer " (inspiração no personal trainer), num modelo aproximado de coaching familiar, parental e de casal! Com paixão!

Deixe uma Resposta

Please log in using one of these methods to post your comment:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s

%d bloggers gostam disto: