Era uma porta enferrujada. E ela entrou. Entrou com a pressa que tinha ontem, com o medo que tinha no passado e com a esperança que um dia viria a ter.
Aquela porta enferrujada significava que a sua vida havia parado há 13 anos atrás quando decidiu ir-se embora, levando consigo o coração enxovalhado pela angústia e os olhos como se de vidro se tratassem pela água que continham.
Voltou para trás, decidiu sentar-se no bar de sempre e recomeçou a beber o copo que havia decidido deixar para trás aos mesmos 13 anos.
Sempre soube que não era para sempre, Sempre o soube, talvez por isso ninguém tivesse confiado em si, pois os outros também o sabiam.
As vozes ecoavam como se de há um minuto se tratasse: Tens que escolher!!! Ou nós ou a tua vida boémia, os teus copos e as tuas loucuras. Eu e as tuas filhas não queremos assistir ao teu fim! Perdeste a noção.
Eu debatia-me, queria dizer que sim que parava, que deixava tudo para traz para ficar com eles os três mas não consegui.
Sai, naquele dia, e soube mais tarde que eles acabariam por se vir a mudar também. Aliás, com a minha saída já todos tinham mudado, eles mudaram outra vez.
Hoje quando voltei senti desejo de que ainda lá estivessem, queria lhes contar que estava limpa, não tocava na bebida há 4 anos, mas a ferrugem que vi, o chiar da porta, levou-me essa esperança, e o sentimento de que os tinha perdido, que tinha perdido o seu presente e o seu futuro arrasaram-me. Quis voltar então a ser quem eu sou.
Pensei: se já não os recupero, o esforço não vale a pena, não quero e não consigo um esforço que não compensa.Queria ter entrado pela porta de sempre!
#### Decidi: Mas o que é certo é que o esforço deve ser feito por mim, não pelos outros. E por mim vou esforçar-me ####
Alexandra Alvarez I Terapeuta Familiar, Parental e Conjugal.