– Eu acho que o Pedro tem um problema de audição.
– Querida, lá estás tu com os teus receios e a ver problemas onde não os há!
– Mas em que se baseia a Natália para sentir isso? – pergunto eu.
– Eu sempre que mando o Pedro arrumar os brinquedos ou fazer qualquer tarefa ela não reaje.
– O que quer dizer com isso?
– Continua a brincar e não me liga nenhuma…
– Dra. mas não lhe parece que é uma atitude típica de uma criança de 4 anos? – pergunta o marido/pai João
– Sim, todos sabemos que as crianças gostam de brincar, mas de qualquer modo gostava de perceber melhor o que observa a Natália. O Pedro não arruma e continua a brincar. E o que se passa a seguir?
– Acabamos por ser nós a arrumar…
– E enquanto isso o que faz o Pedro?
– Vai ver televisão! responde o João.
– Mas o que vos impede de o deixarem arrumar o quarto convosco?
– Olhe, às tantas é mais fácil e mais rápido. Também cansa estarmos sempre a chamá-lo…
– Acredito, mas é preciso serem firmes e insistirem. Se o chamam e o Pedro não reage, e depois já sabe que os pais vão fazer o que lhe pediram, eu acho que ele tem ganhos em dar a entender que não ouve. Se Têm dúvidas sobre a sua capacidade auditiva devem falar com ele para o perceber.
– Pois, mas como tenho dúvidas não insisto, tenho medo de ser injusta. Uma coisa é ele ter de facto problemas, outra seria se ele fingisse não ouvir só para não saber, isso é que não podia!
– Natália, mas ainda que a surdez existisse, as regras e rotinas também têm que estar presentes.
– Isso é o que eu digo à Natália, mas a minha mulher acha que se existir um problema o nosso filho tem que ter um tratamento especial!
Reflexão: Muitas vezes queremos uma vinheta (diagnóstico clínico) que justifique aquelas que são as nossas fraquezas enquanto educadores###
Educar é ser firme, corrigir e repetir a correção as vezes necessárias, só assim contribuímos para a formação de adultos responsáveis e cooperantes.
Alexandra Alvarez I Terapeuta Familiar, Parental e Conjugal.