O espaço era apertado para o momento. Àquela hora todos estavam mais. Mais comidos, mais bebidos, mais desorganizados, mais faladores, mais expectantes, mais tudo. O dia ia longo e o cansaço da festa,da roupa de cerimônia, da musica ambiente e do ruído das conversas alheias e próximas e das gargalhadas poderosas pouca tímidas destacam-se de nós.
Sinto-me tramado. De facto eu não conhecia o Pedro,bem, bem, bem, não, e agora estava ali, a dois segundos de lhe fazer um discurso sobre ele e a Isabel.
Comecei: estamos hoje aqui reunidos [este é um lugar comum nestas ocasiões] para celebrar a união do Pedro e da Isabel, e a mim, enquanto padrinho do noivo, encarrega-se-me o discurso de votos de confiança, desejos de felicidade eterna e de cumplicidade entre ambos.
O Pedro nunca me surpreendeu, foi sempre audaz e com muita atitude e apraz-me que queira ser um homem de família, unindo-se à Isabel.
Caí em mim, não conhecia o Pedro, aceitei a sua proposta quando vi o anuncio a pedir um padrinho de casamento que parecesse ser um seu amigo de infância, porque faziam-me jeito as coroas que ia ganhar com o negócio.
Explicou-me que sempre falara deste importante amigo de infância e agora a sua noiva reclamava a presença desta figura, desconhecendo esta que eu teria sido sempre imaginado e não vivido.
Agora estava ali com os olhos dos convidados a aprovarem a minha eloquente prestação e tinha que encarnar a figura de alguém que nunca viveu realmente.
Reforcei que o Pedro fora a minha referência, e que era com muito prazer que eu participava no seu enlace.
Rematei: desejo ao Pedro e à Isabel que criem o desejo diário de cada um se empenhar na felicidade do outro, para eternizarem o seu amor.
Alexandra Alexandre I Terapeuta Familiar, Parental e Conjugal