Já não se aguentam no tema do seu futuro. O filho de ambos deixou de querer estudar, não trabalha, nem procura onde trabalhar.
A mãe apelida-o de passivo, com falta de atitude: deve estar à espera que as coisas venham ter com ele.
– Eu não sou nada assim, tento encontrá-lo, espevitá-lo, e nada, este meu filho não se interessa por nada se nada.
– Não há nada que o entusiasme, reafirma o pai.
– E o que é que o vosso filho vos diz sobre isso? – pergunto eu
– Que precisa de tempo, quer ver as coisas com mais clareza e por isso este ano não se candidatará à universidade. – reponde a mãe
Concluo que estão sempre em pé de conflito. O desejo dos pais de sentirem que o filho tenha um caminho, o seu caminho, colide com a falta de perspetiva do filho.
– Como será que o vosso filho se sente com os vossos empurrões?
-Sinceramente não sabemos. Nós até achamos que ele nem gosta que o empurremos. – conclui o pai.
– De qulquer forma não desistem de o querer empurrar, vai-se lá saber porquê. #Sorrio# Estava aqui a pensar : como são os homens na vossa família?
– O meu pai também não tinha muita energia, a minha mãe sofria muito com isso, até acho que o meu filho nisso é muito parecido com o avô .
– Estava a ouvi-la e a pensar que os adjetivos que usa para os descrever são muito semelhantes.
– O nosso filho não reconhece o nosso esforço, diz o pai, nem o que fazemos ele. Aliás nunca nos agradeceu nada!
– E qual o motivo que consideram justificar esse agradecimento?
– A preocupação que nos dá, a intranqüilidade, a busca de alternativas para que ele se decida.
– E esse esforço é pedido por ele ?
– Não Dra., mas uma pessoa vê o filho desorientado e claro. Quer o melhor para ele. Especialmente que ele tenha um canudo para ser alguém.
– O que vos faz crer que o vosso filho esteja desorientado?
– No fundo a história do vosso filho faz com que revivam situações que vos são menos gratificantes.
Pergunto desta vez ao filho como se imagina no futuro. Responde assertivamente que quer fazer algo de que goste, e que está munir-se de informação importante para poder decidir.
– Não acho e não concordo que não tenha atitude, diz o jovem, simplesmente talvez precise de mais tempo para encontrar o meu caminho. Sei que os meus pais não estão satisfeitos com as suas profissões e não quero que isso aconteça comigo.
– E já explicou isso aos seus pais?
– Não,nunca, NUNCA há essa hipótese, não me ouvem e só querem que eu diga o que eles querem ouvir : que me vou candidatar à faculdade ou que vou iniciar um qualquer trabalho.
*Adianta que em casa as coisas não correm bem e que não é só por si.*
– Os senhores sabiam deste sentimento do vosso filho?
– Em parte sim. mas as discussões que temos são muito centradas nas opções que le não toma.
– Estão então muito centrados nele, quase que há uma superproteção da sua pessoa! Devem estar exaustos——-
– Nem calcula quanto!
– Eu por mim, diz o jovem, fico sempre na dúvida: Os meus pais rejeitam-me a mim ou ao meu comportamento?
– Por hoje apetece-me deixar-vos com uma pergunta, á qual responderão na próxima sessão caso vos faça sentido: Se os pais não discutissem sobre o seu futuro, discutiriam sobre outro assunto ou não? *******
Alexandra Alvarez I Terapeuta Familiar, Parental e Conjugal.