Ela é assim, quando entra em qualquer espaço público, passa na rua ou olha distraidamente para alguém deixa um pouco dela. Diz “Bom dia” a com quem habitualmente se cruza, que para espanto dos próprios até chegam a olhar para o lado para se certificarem de que o cumprimento lhes era destinado, era para eles mesmos, porque para além de si próprios não há mais ninguém, mais nenhum à sua volta!
Sim, ela é mesmo assim. Entra a sorrir quando entra numa loja, entabula uma conversa, gosta de ser simpática para as empregadas e reconhecê-las, não raramente pede o temido “livro amarelo” mas não para reclamar, antes para elogiar. É uma forma de estar, querer fazer parte de um momento especial e positivo da vida dos outros.
Afinal não custou nada, e para aquelas pessoas significou tanto! Ficaram energizadas, se é que isto se pode dizer assim, e motivadas a dar o seu melhor.
E quando descontraídos, que fácil que tudo se torna!
Um clássico é que para abrir a porta a empurremos, mas na maioria das vezes só o fazemos porque não lemos a palavra “PUXE”. Envergonhar? Não! Sorrir, simplesmente sorrir por voltar a cair na mesma patetice, e sorrir com cumplicidade para quem está a assistir, na certeza de que já foram vitimas da mesma traição de falta de leitura, e por isso na certeza de que nos compreendem na perfeição.
As pessoas só ficaram a olhar para ver o que esperavam ver: A NOSSA REAÇÃO POR TERMOS EMPURRADO EM VEZ DE PUXADO, é legitimo porque queriam ter a certeza de que não lhes acontecia só a si! Mas ficarem envergonhados por isso, ou sem conseguir partilhar um sorriso é que será só deles, porque com ela as coisas não funcionam assim!
E a senhora que tropeçou no passeio? A quem já não aconteceu? Porque não encorajá-la com um sorriso, ao invés de a fazer sentir-se o ser mais envergonhado e pequenino do mundo?
Perante o seu olhar aflito até podemos piscar-lhe o olho e assegurar-lhe que isso também já nos aconteceu a nós.
E quando estamos no restaurante, somos um grupo, passaram-nos vinte tipos opções de pratos diferentes pelas mãos, hesitamos em escolher mesmo entre três, escolhemos finalmente 1 dos 3 pratos selecionados dos 20 disponíveis, mas quando chega à mesa já não nos recordamos bem qual foi o tal que escolhemos.
Não temos que encarar isso como um pesadelo, garanto que não só não é tão duvidosamente normal, como acontece sem que nenhum problema de memória tenhamos que ter.
O que temos é despreocupação, leveza no espirito e no ser. Não temos que acertar sempre em tudo, nem temos que dizer sempre tudo certo. Podemos ter dúvidas, e não temos que acontecer exatamente como os outros esperam que aconteçamos, podemos simplesmente acontecer e essa é a magia, a parte francamente boa da simplicidade de poder empurrar em vez de puxar, de tropeçar e não ter vergonha, e, ao invés provocar sorrisos bem dispostos.
Semeie sorrisos, semeie a boa disposição. Faça parecer com que aquilo que habitualmente não é considerado como tal seja vivido com naturalidade.
Tudo isso torna mais f*cil as relações com os outros e com o inesper*do.
Não tem que haver formatos para tudo. Não tem que haver porque esses formatos, muitos deles, foram criados por nós, por isso também podemos ser nós a acabar com eles.
O que criámos pode facilmente ser recriado, e é tão bom viver assim, com tranquilidade.
Apanhar o metro, adormecer e acabar no fim da linha. Ou ir no comboio distraidamente a contemplar a paisagem e deixar passar a nossa paragem.
Perdemos mais tempo? Sim perdemos, mas o tempo “perde-se” sempre, e nem sempre ganhamos com isso. Se não se perdesse a apanhar o metro de volta, ou a apanhar o comboio para voltar para trás, teríamos “perdido” o tempo de outra forma.
É bom aprender com o que se PERDE! Por vezes PERDER agora pode ser GANHAR depois.
E possivelmente de uma forma em que não ganharíamos nada, assim pelo menos ganhámos uma história para contar, gravámos uma paisagem que podemos recordar e repousámos a mente e a alma.
Nem tudo tem que ser como dita a cartilha, afinal a cartilha foi feita por nós!
E se depois disto fossemos ver o mar? APETECE-ME
Alexandra Alvarez I Terapeuta Familiar, Parental e de Conjugal